Review | Karina Buhr – SELVÁTICA (2015)

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A pernambucana Karina Buhr voltou ao mercado fonográfico mais feroz do que nunca em Selvática. Confrontando não só o machismo, mas o conformismo feminino, Karina luta por consciência não só por parte dos homens, mas principalmente de parcela da população feminina que ainda não está sensibilizada em relação a própria libertação; nos versos de Eu Sou Um Monstro a artista diz “Mulher, tua apatia te mata. Não queira de graça o que nem você dá pra você.”.
Pic Nic é de longe a minha faixa favorita, soa como um diálogo entre classe dominante e oprimidos, a vida de quem dá duro pra conseguir o pão de cada dia e a vida de quem não precisa se esforçar tanto por pertencer a um classe dominante e opressora. A faixa título do disco encerra o álbum como um tipo de manifesto que ao mesmo tempo é oração, evangelho das bruxas e apelo “Não ferirás nenhum corpo por ser feminino com faca ou murro ou graveto! [...] E no final ideal não terás domínio sobre mulher alguma! Ela come a selva de fora! Ela vem da selva de dentro! Ela vale a própria hora! Ela vale o pensamento”. Explicita elementos culturais opressores de nossa realidade, desde os hábitos cotidianos aos princípios de um discurso religioso que tem no patriarcado sua força motriz. Selvática (onde Karina está mais afiada) é o resultado de reflexões já presentes em seus trabalhos anteriores e que dessa vez vai mais fundo ainda, põe o dedo na ferida e confronta o cotidiano brutal dos brasileiros e, principalmente da mulher brasileira.

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