“Costumávamos rir de nós mesmos quando
crianças, dizendo que eu era uma menina má tentando ser boa e que ele era um
menino bom tentando ser mau. Com o passar dos anos esses papéis se reverteriam,
depois reverteriam de novo, até que acabamos aceitando nossa natureza dual.
Contínhamos princípios opostos, luz e trevas.” (SMITH, p. 18, 2010).
Em seu livro de 2010, Patti Smith nos leva
a uma viagem no tempo onde nos tornamos familiares com a realidade das mazelas
de um EUA em plena efervescência dos anos 60 e 70. Juntos, acompanhamos a
ascensão da performer como mulher, artista e mãe; muito disso, deve-se a sua
relação com o fotógrafo Robert Mapplethorpe que, junto a ela, torna-se
protagonista das memórias de Só Garotos.
A evolução dos dois enquanto casal, artistas, amigos e, finalmente, enquanto
memória, traz linearidade ao texto, onde tudo começa e onde tudo termina, para
novamente começar levando-a por um novo caminho. As referências culturais de Só Garotos são elementos que adicionam
ainda mais riqueza a obra, o universo que a artista cria para si consegue ser
contagiante de certa forma. Desenhos, Poesia, Pintura, Música, Literatura,
Cinema, enfim... Patti e Robert, dois artistas submersos em arte tentando
construir algo (ou quem sabe destruir algo) e explorando as possibilidades da
arte que produzem.