Acordei com um
grito, provavelmente o terceiro, pois sempre é o mais agudo grito da mamãe.
Peguei minha gravata de sempre, sim eu uso gravata e ai? Vesti minha saia de
sempre, a xadrez vermelha com preto. Calcei meu coturno e desci. Minha mãe
sempre de bom humor cantarolava uma cantiga chata e velha. Mas logo parou
quando virou pra me servi e me viu. Acho digno parar para prestar muita atenção
na mudança de rosto “e humor” dela. _Hilley minha filha, quantas vezes foi que
a mamãe te ensinou que deve tomar banho, pentear o cabelo e vestir uma roupa
passada? Quantas? A pergunta de sempre e minha resposta é a de sempre “NADA”.
Terminei o meu café da manha. E subi a escada correndo. Lembro de ter ouvido a
mãe falar _Menina acabou de tomar café quente e já sai correndo. Ok, já faço
isso por que sei que ela odeia. E adoro deixá-la doida! Me sinto tão menos pior.
Lembro que uma vez ela até me surpreendeu quando disse: _Essa menina correndo
com esse cabelo assanhado parece o Chuck – boneco assassino, só que com cabelo
preto. Confesso que até soltei um risinho de canto.
Ao pegar minha
mochila jeans e cheia de broxes das minhas prediletas bandas “Ramonnes, Rolling
Stones, Crystal Fighters, The pretty Reckless, Oasis e meu querido David Bowie,
que por sinal poderia ter mais, só que com cinco broxes de todas as bandas
dessas encheu minha mochila e nem tem lugar” minha bola de cristal me tirou um
grito. Uma observação, odeio profundamente gritar, principalmente quando é por
um susto. Viro uma macaca doida. Dou razão aos meus coleguinhas que acham que
tão praticando bullyng comigo ao me chamar de Emoxita. Sim, xita de macaca. Pookie
insiste em dizer que esse apelido é por causa das minhas sobrancelhas grossas.
Mas eu sei que cada um que me chama assim “por trás” são exatamente os que já
levaram uma porrada na cara da xita aqui. Enfim, voltando ao meu presentinho
falante, ele dizia que devia cuidar da minha amiga, pois ela vai precisar de
mim. Ok, pensei, agora deu pra prever coisas? O joguei na gaveta de novo. E ele
gritou que não queria ficar ali, mas ele não manda em mim, ninguém manda!
Então, cheguei à
escola, atrasada. Aula do meu professor predileto. Explicando, não sinto uma
“apaixonite” clássica de aluna por professor não, mas ele é legal. Vive
reclamando. Acho isso familiar. E só anda com a cara ruim. E tem tatuagens.
Enfim, era aula dele. Fui para o meu lugar, lá nos fundos, ao lado dos meus
amigos Pookie e Kakhuto. Ficamos ali conversando até a hora de ir embora. O
sinal bate e todos os meus coleguinhas saem correndo. As meninas feias da minha
sala tava cochichando algo, todas contente. Nem sei por que, mas não me
importo. Tanto faz se elas tão feliz. Mas prefiro vê-las triste. Bem menos pior
sabe.
Andamos até o
corredor da escola, e vi uma multidão de gente olhando pra parede. Ai pensei alto,
todos assumiram a tolice incubada dentro de seus pobres corações? Fui até lá
lentamente e vi o que estavam os deixando pateticamente felizes. Uma foto de
Pookie e Felix se beijando no balanço da praça da escola, tinha frases cruéis
sobre isso. Palavras que machucaram minha amiga Pookie. Eu fiquei plasmática.
Nem vi quando Pookie saiu correndo pelo corredor. Kakhuto saiu atrás dela.
Pensei comigo mesma, como exatamente irei matar os filhos de uma mãe que
fizeram isso com ela. E sei exatamente por onde começar. Felix.
Fui até a sala de
educação física, onde normalmente temos aulas teóricas e onde se guarda os
materiais para aula pratica. Peguei o taco de basebol, coloquei meus fones e
dei play, a musica que tocava era “Echos
da banda The Rapture” e voltei ao corredor. Fui balançando meu taco,
arrastando ele no chão. A galerinha do corredor todos fugindo. E pensei comigo
mesmo, não se preocupem, por mais que eu gostaria de dar um jeito em todos que
são estúpidos na escola, estava guardando forças para uma pessoa em especial.
Pessoa não, uma criatura sem sentimento que só respira. Ou seja, respira um
pouco mais de ar que eu respiro. Um a menos para respirar o meu ar. Cheguei à
escadaria da escola, e o encontrei no seu grupinho que fedia a merda. De longe
os via rindo. Pensei comigo mesma, vamos vê se ele vai sentir vontade de ri
depois que eu quebrar todos os seus dentes. Cheguei no grupo e o empurrei com
meu pé. Deixando-o sobre o meu chão, apontando meu taco para ele. Tirei um lado
do meu fone, que já tocava outra música, “Bad
Guy da banda 3OH!3” e o fiz uma simples pergunta: _Porque?
Ele não conseguia
falar nada, e juro que sentir um cheiro muito ruim de merda. E pensei, ele se
cagou. _O porque você a humilhou assim? O que ela fez a você? E ao seu grupo de
merda? Ele ainda não respondia nada além de gaguejar. Marcelina pede para eu me
acalmar e lógico que fui bem carinhosa com ela. _Vai a merda Marcelina, vai vê
se estou na esquina guardando um lugar para você. Ela saiu de perto. Carlitinha
então entrou na briga, puxando meu braço. Ela diz logo que eu não teria prova
contra eles. E mesmo que tivesse, ela não poderia fazer nada. _Aceite Hilley,
aceite a vergonha da sua amiguinha emo achando que poderia ser amada por
alguém. Acredite, Felix não teve tanto trabalho assim para fazer o coração
daquela pobre coitada acreditar que ele estava realmente afim dela. E sabe o
que é mais engraçado? É que ela disse que ama ele só porque ele o beijou.
coitadinha. Devia cuidar melhor da sua protegida.
Depois de ter dito
isso, Carlitinha ainda deu uma gargalhada que logo foi entalada com um soco bem
na sua cara. Ela caiu e eu deixei claro que isso não ficaria assim, e que todos
eles estariam marcados. E sim, falava a verdade. Vou dar um jeito nisso. Mas
antes, fui atrás de quem realmente precisava de mim. Minha amiga. Que agora
está profundamente magoada. Com o coração triste.