Amores Imaginários (2010) foi meu primeiro contato com o diretor canadense
Xavier Dolan e teve efeito instantâneo sobre mim. O filme me encantou; a
fotografia, a história e a forma como foi contata, a montagem e a trilha sonora
(Ah, a trilha sonora!). Comecemos do começo. Como qualquer jovem amante de
Cinema da minha geração, assim que termino de ver um filme que me agrada muito,
vou correndo pro Google procurar mais trabalhos do mesmo diretor que, para
minha surpresa, ainda nos créditos do filme, notei que fazia parte do elenco.
Em Amores Imaginários temos Marie (Monia
Chokri) e Francis (Xavier Dolan), amigos bem próximos e que tem sua relação
abalada com a chegada de Nicolas (Niels Schneider); ambos se interessam pelo
recém chegado. Porém, essa tensão entre as personagens ocorre como que em uma
guerra fria, ninguém admite o que sente, apenas observamos seus intentos sutis,
olhares e comportamentos. Chokri e Dolan imbuem suas atuações de tensão, suas
personagens passam a maior parte do filme constrangidos. Por outro lado,
Nicolas parece se divertir com a situação.
Podemos dizer que o filme possui três estruturas, a
primeira delas é feita nos moldes de um documentário, figuras que não possuem
ligação direta com o roteiro principal e que fazem relatos. Elas falam sobre
suas experiências amorosas, desilusões, encontros, sua percepção acerca de
relacionamentos e amor. Uma brincadeira sobre a concepção de sexualidade também
é feita durante esses relatos (discussão que Dolan torna mais profunda e séria
em seu trabalho seguinte, Laurence Anyways
de 2012). Em vários momentos, a história principal com Marie, Francis e Nicolas
é interrompida e essas personagens curiosas entram em cena. A segunda estrutura
é o roteiro principal com o triângulo amoroso.
A terceira parte está ligada a trilha sonora. Dolan dá um
tratamento todo especial a esse aspecto – que possui faixas bem condizentes com
a atmosfera da trama. Takes longos são encaixados na montagem e tornam-se
verdadeiros videoclipes. As músicas não estão em segundo plano, não ouvimos só
um trechinho. A esse respeito, Amores
Imaginários destaca 4 canções de sua trilha e que são um presente para os
olhos e para os ouvidos de quem o está assistindo: Le Temps Est Bon (Isabelle
Pierre), a italiana Bang Bang de Dalida (tema principal do filme), Pass This On (The
Knife) e Keep the Streets Empty For Me (Fever
Ray). Sinceramente, é impossível dizer de qual sequência gosto mais. Outras
faixas incluem as excelentes 3éme sexe (Indochine), Exactement (Vive
La Fete), Viens changer ma vie (Reneé Martel)… Enfim, depois que vi o
filme, fui correndo atrás da trilha sonora.
Referências como o Cinema Clássico, videoclipe, James
Dean, Audrey Hepburn e a curiosidade de conhecer coisas antigas me fizeram ter
uma empatia instantânea pelo trabalho de Xavier Dolan. Além disso, Amores Imaginários é o tipo de filme pra
ver mais de uma vez, pois é repleto de símbolos; dentre os mais legais temos
Marie e Francis folheando um livro de Bauhaus após terem seus corações
partidos. A escola de design alemã Bauhaus tinha como política a proibição do
ensino de História no início dos cursos para evitar que modelos do passado
tivessem influência no trabalho de seus alunos acreditando que assim sua
criação futura se tornaria o mais original possível. Na tomada em que a capa do
livro aparece, vemos seu título em letras garrafais. Esquecer o passado é
exatamente o que Marie e Francis precisam no momento…
Para finalizar, uma marca forte de Amores Imaginários é que trata-se de um filme de seu tempo e que
seria impossível de ser feito a 20 ou 30 anos atrás, por exemplo. Claro que o
seu tema, o amor, é transcendental, mas sua identidade está no fato de que
consegue retratar muito bem uma geração; nos relatos daquelas personagens
percebemos que certos comportamentos não seriam possíveis em outros contextos.
Fico muito feliz quando vejo um jovem com quase a mesma idade que eu
representando tão bem minha geração numa das formas de arte que mais amo: o
Cinema. No vídeo abaixo, Pass This On, retirado do filme…
com certeza vou assistir a esse filme Amores Imaginarios! gostei dessa atriz Monia! Marcos Punch
ResponderExcluirE não vai se arrepender, garanto! É um filme excelente.
ExcluirFiquei curioso!
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