Cap. 12 - A Revolta

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O ônibus balançava muito, pessoas reclamavam do calor, homens davam em cima de mulheres bem vestidas, outras falavam ao celular quase gritando, mas Julio ali, sentado, com fones nos ouvidos de braços cruzados viajando em pensamentos ao som de “Kings Of Leon – Closer”.

Seu celular vibrava em sua mão de baixo do outro braço. Julio sabia que era sua mãe ou mesmo o seu pai, mas ele não queria perder a imagem da bela Caroline rodopiando em volta de uma arvore no meio de um gramado. De saia de tule e cachos ao vento, o tempo em câmera lenta passava pelos brilhantes olhos negros de Julio, que se enchia de lagrimas ao pensar que ela nunca será dele.


Julio não percebera, mas já se passara dois meses assim. Sombrio e sozinho. Ignorando amigos, colegas e até família. Já não prestara atenção em aulas, já não sabia o que fazer nas provas, já não fazia parte de nenhum grupo nos seminários de professores. Passava maior tempo dentro do quarto, de cabeça baixa ou vivendo em outros mundos com trilhas sonoras.


Julio é acordado por um tombo proposital de Will ao sair com o fim da aula de Língua Estrangeira. O garoto arruma a mochila quando é surpreendido com uma voz feminina que não reconhecia. _Julio?
_Eu!
_Percebi que dormiu a minha aula toda! Julio olha para a mulher
_Ãh?
_Você está passando por uma fase ruim? Quer se abrir?
_E quem é você mesmo?
_Sou a nova estagiaria, e essa já é a minha terceira aula, e você nem olhou para mim...
_Hm, foi mal, mas tenho que ir... Julio pega a mochila e dar as costas para a garota
_Por sinal, meu nome é Olga! Disse com a mão no vácuo.

Julio passava pelo corredor quando Ygo foi ao seu encontro. Julio tentou fugir, mas Ygo foi mais rápido. _Hey cara, o que está acontecendo? Julio não olhava para o amigo _Estou falando com você, por que está ignorando a gente? Por que está me ignorando? Somos amigos, lembra disso?
_Amigos? Você é doido? Grita Julio
_Doido?
_É meu caro, seu pai não te ensinou que amigos não existem? Ygo fica serio _Ah lembrei, seu pai te odeia, será por quê? Ah sei, porque você é um puto velho, sem noção que quer ajudar todos sem necessidade. Esquece Ygo! Não preciso de ajuda, não preciso de ninguém. Julio desce as escadas quase correndo. Ney se aproxima,
_O que foi isso? Irritado pergunta
_Não sei, mas desisto dele, quer ficar só? Então que fique... Ygo sai, Ney fica pensativo.


Duas semanas se passam. Aula da Estagiaria Olga acaba, todos saem, pois é intervalo, Julio sentado na escada foi surpreendido com a chegada de Caroline. _Oi? A voz delicada da bela soou em seus ouvidos
_Oi? Perguntou Julio
_Tudo bem?
_Agora... Tudo bem! E com você?
_Ah, sei lá, poderia ficar melhor, se meus pais... Ah esquece,
_Não, conte-me...
_Não! Queria-te falar que tem uma garota no pátio que está machucada, acho que ela é a sua irmã. Só avisando. Caroline dar as costas.
_Como você sabe? Grita Julio
_O que?
_Que ela é a minha irmã,...
_Seu amigo Ygo disse...  Caroline desaparece no meio dos alunos. Levanta-se, mas não para vê a irmã, e sim para voltar a sua sala. Ao chegar, percebe a porta fechada. Julio empurra lentamente, e presencia o grupo de cinco garotos batendo em Ney. Julio paralisou na cena, Mario e seus amigos toscos agredindo seu amigo, que pedia socorro, mas ninguém ouvia. Mas Julio via tudo, mas nada fazia. Ney cai depois de um soco no estomago, e por acidente, os olhos de Ney encontram os olhos mortos de Julio. _Julio? Ney tenta gritar, mas nenhum som sai. Julio sai correndo. Ygo percebe, e entra na sala com Caroline. Os dois entram para ajudar. E todos acabam na direção.



Julio corre em caminho de casa, seu coração batendo forte, seus olhos molhados, seu corpo tremendo. Agora se sente no seu pesadelo constante, a cena parecia está em câmera lenta, pois quanto mais corria, parecia não sair do lugar. As lembranças do amigo Ney pedindo ajuda girava em sua cabeça. E a imagem do seu amor Caroline com seu melhor amigo Ygo parecia mais forte. Por que dói tanto? Por que não esqueço tudo isso?
 O som de Kings of Leon, a mesma musica do inicio está tocando em seu iPod.

 “Quero fugir disso, quero desaparecer”

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