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Diário, meu caro,

“Hoje sim foi o pior dia da minha vida até agora. E nem sei se podem vim coisas piores pela frente. Já chorei, gritei palavras feias, chutei coisas, até sacudi a gaiola de Jubileu, meu hamister. Ai que ódio. Ai que dor. Queria eu ter morrido no lugar da minha querida avó. Sinto que devia ter feito mais, ter visitado mais, brincado mais, ri mais. Mas agora, é tarde, e ela se foi. Pra não voltar mais.”

Vou começar do inicio...

Acordei hoje estranhamente com uma sensação nada mal. Parecia que eu estava feliz. Sonhei com o tal do Bumo. Estávamos debaixo de uma arvore rosa. Ele com todo o seu estilo e eu com... Vestido de tule?! Pois é, falei de mais de Pookie, e acabei eu de vestido de tule. Mas não liguei, e sim aproveitei todo aquele momento estranho que tive com ele. Nada de mais, só andar em volta da arvore com as mãos dadas. Enfim... 

Fui pro banheiro, quando ouvi um choro, era a mamãe. Fiquei preocupada, lógico. Fui vê o que tinha acontecido, e encontrei o meu pai com ela. Fiquei “CHO-CA-DA”, meio abestada. Esqueci de falar, os meus pais são separados, mas o vejo em casa mais do que quando eram casados. Fiquei chocada pelo fato dos dois estarem se abraçando. Logo achei, “Hilton caiu de um prédio de cento e dez andares e não ficou pra contar historia! Que pena.” Senti meus olhos brilhando e por um décimo de segundo, menos pior.

Mamãe veio me abraçar ao notar que eu estava bem ali sonhando acordada. Deu-me vontade de falar, “Relaxa mamãe, não vou sentir falta do meu irmãozinho gêmeo chato pra caramba.” Mas preferi evitar a fadiga. Foi quando aquelas palavras fúnebres entraram pelo meu ouvido, deixando-me tonta, zonza, sombria. Vovó tinha partido dessa pra melhor, e deixara um pacote pra mim. Mas um pacote não é nada quando você percebe que devia ter feito tudo enquanto a velhinha ainda estava entre nós. Estou péssima, e não paro de pensar o quanto ruim eu fui, deixando dia das mães, dia do seu cento e algum aniversario passar sem nem mesmo ir lá. Mas já foi. Passou, e creio que agora SIMeu posso ser pior do que já sou!

Fui pro meu quarto.

Minha cabeça estava girando, pesada.

Meu coração estava doendo, partido.

Meu corpo não reage, só lamenta.

Cai num sono. Abri meus olhos, e lá estava eu, com aquele mesmo vestido de tule preto, com um colar de morcego debaixo da mesma arvore do sonho anterior. As pétalas rosa caiam sobre mim, que sozinha estava. Sentia meus olhos molhados e bem borrados, queria... Eu queria... Ah eu não sei o que eu queria. Como um mesmo sonho pode ficar tão diferente e ruim? Sinto-me num filme, que graças à fantástica trilha sonora, classifica se é terror ou comedia. E desta vez, de uma comedia romântica pra um serial killer. É talvez isso combine mais comigo. Vivo plenamente num filme de terror. Sonhando agora com uma comedia romântica. Lembro-me agora de Pookie, a garota que vive no seu mundo de fadas e de que tudo é feliz, bonito e preto com branco. Ela como eu, adora um “preto com branco”. 

Lembra os antigos filmes.

Lembra das obras de Tim Burton.

Lembra que a vida não é sempre um arco-íres.

Estou cansada, triste, com raiva... Não quero escrever, não quero lembrar. Quero apagar, pra que amanhã eu descubra que foi apenas mais um dos meus queridos e freqüentes pesadelos.

Foi assim o dia de hoje!

E pra não desacostumar, lembre-se que odeio você...

Meu querido Diário.





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