Expresso Lunático: Página 06

Não choveu, não morri, então aqui estou eu de novo, meu querido mal amado Diário,

E desta vez, tenho algo pra dizer que parece mentira, mas foi verdade. No momento ele dorme, mas não paro de vê-lo, pois é difícil de acreditar que exista algo assim. Como escrevi na pagina anterior, minha avó morreu e deixou um pacote para mim. Pois é, acordei hoje de péssimo humor e zero vontade de viver. Mas como não posso escolher, tive que levantar.

Hoje não teve aula, então fui buscar meu pacote na casa da vovó. Chegando a frente à casinha desbotada, mas cheia de flores coloridas me bateu uma deprê, fiquei mal de novo. Entrando, vi as varias fotografias que estavam pendurados em uma parede só. Tinha uma foto minha menor do que já sou. Cabelo amarrado “Maria Chiquinha” de vestidinho colorido, Affs, deu vontade de queimar a casa por isso.

Casa de avó é assim mesmo, cheia de coisas velhas e fotos comprometedoras. Sem falar do cheiro, são todas do mesmo jeito. Andei pela casinha por um tempo, olhando os objetos, os anjinhos de uma parede, as plantas artificiais em todos os lugares, os discos antigos, pois o vovô adorava música e os milhares de livros empoeirados em uma estante na sala. A vovó adorava livros. E maiorias deles eram de magias. Os vizinhos costumavam dizer que vovó era bruxa, mas nada a vê isso. Vovó era boa, engraçada, enrugada, mas tinha um enorme cabelo branco cinza. Ah adorava o cabelo dela.

Fui ao seu quarto, vi aquelas saias compridas e floridas dela. "Que feias". Mas até que nela ficava Menos Pior. Enfim, achei meu pacote em cima da cama, uma caixinha que cabia uma bola de futebol. Peguei. Sacudi. Mas não entendi o que devia ser. Pensei comigo, só abrir no meu quarto. Confesso que fiquei curiosa, então pedalei rápido pra minha casa.

Entrei correndo pro meu quarto, ouvi mamãe no telefone, bem provável que estava falando com a tia chata. Joguei minhas botas pro ar, e cai na cama, desembrulhei o pacote, e me deparei com uma...

“Serio Diário, nem sei como você está recebendo essas informações, e nem sei como irá guardá-la e protegê-las das forças do mal, mas espero muito e pelo o seu bem, que você não dê com as línguas nos dentes, pois é coisa de doidos. Eu sou doida! Enfim, Zero novidade!”

UMA BOLA DE CRISTAL?

Sim, era isso mesmo, e tudo poderia ser apenas um objeto que velhos costumam guardar, mas tinha uma caveira dentro, eu até que achei a minha cara, é tão ~~bonitinho~~. Ops, tão menos pior. Ele parecia que estava dormindo. Fiquei olhando por um tempo como se esperasse algo fantástico acontecer... Até bater o meu forte senso comum. Isso foi à coisa mais idiota que eu já fiz. Ficar menos pior por uma simples bola de cristal? E ficar olhando pra ela como se fosse acontecer alguma coisa? Affs, como eu pude perder esses segundos da droga da minha vidinha com isso? Ok, eu me senti idiota, como muitas pessoas por ai que acordam e se olha, “AI... MAIS UM DIA PRA IDIOTA AQUI BRILHAR!” ou “PRECISO POSTAR NO MEU @IDIOTA.COM O QUANTO IDIOTA FUI ENQUANTO DORMIA!”. Enfim...

Queria ter ficado reclamando de pessoas idiotas, mas a tal bola de cristal idiota falou comigo, eu gritei, depois o fitei. Sim, agora a caveira parecia está acordada. Na verdade, bem acordada. Ele ou ela se mexia de um lado pro outro, como um peixe grande em um pequeno aquário. Deixava rastros azuis no pequeno espaço da bola. Como se fosse uma fumaça. Senti meus olhos abrirem mais do que o comum. O olhei por um tempo, e ele ainda falava “TA OLHANDO O QUE PIRRALHA?” Ai eu pirei, tipo, Pirralha? Cooomo assiiiimmm? O joguei dentro da minha gaveta e o deixei gritando. “ESTÁ ESCURO AQUI! TENHO MEDO DO ESCURO! EU ORDENO QUE ME TIRE DAQUI AGORA!” e blá blá blá.

Sabe o que fiz? NADA! E pra quem gosta de fazer nada, sabe que nada é tão menos pior do que fazer nada.

E sabe de mais uma coisa? Ele dormiu.

E eu também pretendo dormir, pois já é uma merda ter que escrever a noite sobre a merda do meu dia. Enfim, enfim... Cansei, cansei...

Uma coisa que não costumo fazer... Perder meu sono com você!

Fim de pagina, Fim de Hilley!