Carmen Jones é um musical do ano de 1954 dirigido por Otto
Preminger e estrelado por Dorothy Dandridge e Harry Belafonte. Achei extremamente importante
fazer um post sobre esse filme por tratar-se dos pouquíssimos filmes da Hollywood Golden Age a terem grande representatividade
negra no elenco – e se você parar pra observar, vai perceber que nos ditos “clássicos”
de qualquer forma de arte a representatividade negra é quase inexistente –, o
elenco de Carmen Jones é composto somente de pessoas negras.
Dorothy Dandridge como Carmen Jones ao centro (cena Carmen Jones, 1954) |
A protagonista, Carmen, trabalha
numa fábrica de paraquedas e é presa por brigar com uma colega de trabalho. Joe
é o soldado responsável por levá-la para a prisão e é nesse ponto que a relação
dos dois começa a se estabelecer. Carmen não é uma personagem simples que
poderia ser definida apenas por adjetivos de uma mesma ordem; além de independente
e sensual, notamos também no roteiro seus momentos de fragilidade e
afetuosidade – um ser humano não é feito só de um ingrediente, certo? O filme
culmina de fato com Carmen indo até as últimas consequências em defesa de quem
ela é, de sua liberdade de ser ou deixar de ser. Esse é o motivo de Carmen nos
impressionar em suas cenas finais e esse é o motivo de ela ser ainda hoje um ícone
do Cinema. Não bastasse isso, a discussão acerca da violência contra a mulher e
da mulher que não aceita ser submissa é fomentada e nos faz lembrar o triste fato
de ainda vivermos numa sociedade que tem problemas em entender coisas simples
como a liberdade do outro.