#ExpressoFavoritosDe2015 | Discos #Wv

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           Quando o fim do ano chega, nada mais natural que uma retrospectiva, não é mesmo? Então, alguns favoritos do ano vão passar pelo Expresso Lunático este mês e provavelmente em Janeiro, quando 2015 vai ter oficialmente acabado. Essa é mais uma daquelas seleções variadas que faço, dessa vez com alguns dos meus discos favoritos desse ano.

5. Björk – VULNICURA
Com o lançamento de Vulnicura, a islandesa Björk se afasta do universo criado em seu último álbum. Biophilia de 2011 se preocupava em fundir ciência e emoções humanas por meio da desconstrução e reconstrução da arte musical. Em contraste a isso, Vulnicura parece seguir um caminho mais singelo, mas não menos complexo; se preocupa não exatamente em criar uma conexão entre coisas aparentemente opostas, mas sim em expressar emoções de um momento bem específico: o fim de um relacionamento. A própria artista descreve as composições de Vulnicura como diálogos que temos em nossas cabeças e nossos corações durante o fim de uma relação, diálogos inerentes ao processo de cura, de recuperação. “Vulnicura” significa “cura para as feridas” (Vulnus + cura). A base sonora do disco é música clássica com violinos, orquestra, porém isso tudo é enriquecido por elementos eletrônicos que por muitas vezes contrastam com a tristeza das temáticas. O vídeo de Stonemilker é interativo, você mover em 360º usando as setas no canto superior esquerdo.

4. Laura Pausini – Simili
É o décimo segundo álbum de estúdio da consagrada cantora italiana e é por meio da palavra título simili (similares ou parecidos em uma tradução livre) que a própria Laura, em entrevista, desnuda o disco. A artista fala da contradição do termo, ‘similar’, algo igual, mas que ao mesmo tempo possui diferenças. Assim, esse conceito permeia o som, as composições e o visual (a contracapa com quatro pessoas de etnias diferentes) do trabalho trazendo algo característico de Laura, mas ao mesmo tempo, diferente. Em Simili, Laura mescla sua fórmula já consagrada de boas composições enriquecidas por arranjos que enaltecem ainda mais seu inegável talento vocal com produções um tanto incomuns para ela: as faixas Innamorata e Io C'Erro são novidades sonoras para sua discografia, a primeira com elementos de dance-pop e a segunda com dubstep; ambas produzidas de maneira a manter a identidade artística e vocal da cantora. Mesmo com essa novidade, tais faixas são ofuscadas pela tradição e o início do disco com Lato Destro Del Cuore e a própria Simili refletem-se no disco como um todo.

3. The Dead Weather - DODGE AND BURN
Fiquei muito feliz com esse lançamento. Mesmo sendo só um passa tempo e/ou uma válvula de escape para seus integrantes (pois todos eles têm projetos, digamos, mais significativos), The Dead Weather é minha banda favorita do Jack White – amo Raconteurs, White Stripes, sua carreira solo também, mas The Dead Weather tem um lugar especial no meu coração –. Dodge and Burn é o terceiro disco da banda. Muitos dos arranjos lembram Ocean of Cowards, o que não é necessariamente ruim. Nas faixas finais é onde sentimos o encaminhamento para um som não tentado antes pela banda, especificamente no final com Impossible Winner, uma balada com piano. A despeito da identidade sonora que a banda consolidou no segundo disco ser refletida em Dogde and Burn, o álbum ainda possui bastante personalidade. Os vocais de Allison Mossheart são um destaque, em Dogde and Burn ela é a estrela principal, Jack preferiu ofuscar-se: seus vocais estão lá, mas bem menos frequentes que antes. Se você gostava dele dividindo o papel principal com Allison nos vocais, pode ficar um pouco desapontado (mas relaxa, ele tem carreira solo, ué). Sua entrada no disco dá-se lá pra faixa número 4 com Three Dollar Hat, dueto com letra super chapada, é quando o disco começa a soar melhor ainda. Esse é o disco mais explosivo da banda sem sombra de dúvida, como dito antes, The Dead Weather me parece uma válvula de escape deles, onde todos eles piram mesmo e se entregam de forma mais descompromissada. Talvez seja bom que a banda não tenha um cronograma tão fixo em relação a seus lançamentos e encare a banda de uma maneira não tão mecanizada, isso faz tudo fluir naturalmente e o resultado é sempre bom.

2. Ayumi Hamasaki – A ONE
Depois de Colours no ano passado, eu e muita gente que acompanha a carreira da Ayu, com certeza ficou “É isso. Ayu nunca mais vai lançar nada que preste. Vamo se contentar com as tours que são excelentes pelo menos.” O pop farofa genérico e datado de Colours (salvo XOXO) foi quase que um atestado de óbito. Mas após anos difíceis cheios de bombas sem coerência (vide Love Again e Party Queen), Ayumi Hamasaki parece ter feito o dever de casa em 2015 lançando A One, uma luz no fim do túnel. Só porque o legado de Ayu no Japão faz com que ela seja muito mais que suas vendas, não quer dizer que queiramos passar o resto da vida vendo-a lançar álbuns filler, não é mesmo? A One não acrescenta nada de novo a carreira da moça, mas como um todo é um álbum sonoramente coerente (graças a Deus!) e traz Ayu fazendo o que faz de melhor, sendo ela mesma, chorando, sendo dramática, coração partido, baladas, piano, guitarras, lágrimas, amor e no finalzinho ainda tem um bônus: o cover maravilhoso do hit japonês Moving On Without You da Hikaru Utada. Como este foi um disco que restaurou minha fé na Ayu, ele acabou virando um dos meus favoritos desse ano. Logo abaixo, o vídeo de Last Minute. <3

1. Elza Soares – A MULHER DO FIM DO MUNDO
E em primeiríssimo lugar temos a Rainha Elza Soares que lançou coisa nova esse ano! Coisa nova MESMO porque A Mulher do Fim do Mundo é o primeiro disco dela composto apenas de músicas inéditas da carreira. Elza, 78 anos de idade e 60 anos de carreira (tá bom pra você?), voltou aos palcos em 2015 para o show de promoção desse álbum. Após a abertura, a faixa título do disco, traz as linhas “Eu vou até o fim”, “Eu vou cantar até o fim”. “Eu quero cantar até o fim. Eu sou a mulher do fim do mundo”. Elas soam como autoafirmação de Elza enquanto artista. Maria da Vila Matilde segue com uma letra sobre violência doméstica refletindo uma mulher que não mais aceita a submissão a um homem violento “Cê vai se arrepender de levantar a mão pra mim”. A produção dessas duas faixas, ainda no começo, já nos prepara pro resto do disco. Laura não foi a única que juntou o tradicional ao novo. A Mulher do Fim do Mundo tem características marcantes da música de Elza e as habilidades de uma equipe de produtores de uma geração totalmente diferente à dela, a artista explora possibilidades novas trazendo boas letras e, por vezes, um samba e um rock permeados de um som minimalista que são evidência de um dos melhores lançamentos nacionais do ano. Hoje em dia, Elzinha sofre de problemas nos ossos e por isso costuma fazer seus shows bem sentadinha. Abaixo, um vídeo com Maria da Vila Matilde ao vivo.
Em breve, Elber e Vika vão listar alguns de seus favoritos também. E vocês, o que curtiram esse ano?
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