Essa
é uma seleção de filmes do gênero comédia que possuem tramas curiosas,
personagens cativantes, formas e/ou temas um tanto originais. Os títulos dessa
lista provam que nem toda comédia é necessariamente boba e previsível (não que
não amemos as comédias românticas da Jennifer Aniston e do Ashton Kutcher que
vimos na adolescência, não é mesmo?).
Estranhos Normais (2010)
Título original:
Happy Family
Filme
italiano dirigido por Gabriele Salvatores. O roteiro gira em torno de um
roteiro (?). Vou explicar melhor. Ezio Colanzi (Fabio De Luigi), de 38 anos,
quer escrever um filme que, de acordo com ele “não precisa ser cult, mas tem
que ser um bom filme.” A partir disso, aos poucos as personagens do roteiro de
Ezio vão surgindo e cada uma delas passa a defender sua importância no roteiro
criado. Acompanhamos a trama junto a ele, que se comunica diretamente com o
espectador. A interação é muito forte, ele vai conversando conosco enquanto
vemos diferentes tomadas; isso também ocorre quando cada personagem se
apresenta ao espectador, eles falam com a câmera e depois agem normalmente
fazendo o que fazem em seu cotidiano. Uma curiosidade que adorei foi que,
enquanto se apresenta para o espectador, Ezio diz que é divorciado e que sua
ex-mulher levou tudo, a única coisa que lhe sobrou foi um LP do Simon &
Garfunkel (uma coletânea de 1972); ele coloca o LP pra tocar e durante todo o
filme só ouvimos as músicas desse disco; ouví-las ao longo da história é muito
legal. Cheio de belas tomadas de Milão e de bons textos, Estranhos Normais é um filme que dificilmente vai sair da sua
memória depois de conhecê-lo.
Relatos Selvagens
(2014)
Título
original: Relatos Savages
Um
dos lançamentos mais aclamados do Cinema Argentino dos últimos anos é, sem
dúvida, Relatos Selvagens. Escrito e
dirigido por Damián Szifron, o filme tem uma sensibilidade peculiar disfarçada
em humor negro e piadas incrivelmente ácidas. Em Relatos Selvagens não temos um
roteiro geral que liga os personagens e a trama em suas 2 horas de duração. Ao
invés disso, há 6 histórias diferentes com começo, meio e fim, que são contadas
uma atrás da outra (é como assistir a 6 curtas-metragens seguidos). Cada
história possui seu título, na ordem: “Pasternak”, “Las Ratas”, “El Más
Fuerte”, “Bombita”, “La Propuesta” e “Hasta Que La Muerte Nos Separe”. Ricardo
Darín faz parte do elenco, ele é consagradíssimo na Argentina, é como um tipo
de Fernanda Montenegro deles. P.S. Abutres
(2005) e O Segredo dos Seus Olhos
(2009) são alguns filmes dele que conheço e recomendo.
Cartas Insignificantes
e Crimes de Amor (2010)
Dirigido
por Gianfrancesco Lazotti, também é uma produção italiana. Devido a uma
eventualidade, Kátia começa a corresponder-se por carta com o prisioneiro
Danilo e ambos dão início a uma bela história de amor. Cartas Insignificantes e Crimes de Amor consegue o feito incrível
de estruturar seus temas pesados sob os moldes de uma doce comédia romântica.
Enquanto Danilo tem sua vida limitada por paredes de concreto, Kátia é
limitada pelo preconceito, pois é cadeirante. Sua condição de cadeirante sempre
causa algumas situações de desconforto, (mas não para ela!). Kátia é
extremamente debochada, sabe muito bem tirar proveito da situação e usa o
preconceito alheio para manipular as pessoas quando necessário, (e o faz de
forma hilária!), como que colocando o dedo na ferida. O amor de Danilo e Kátia é como a liberdade que ambos buscavam, objetiva ou não, ela foi
encontrada através dessa relação de afeto. Além disso, esse é um daqueles filmes
que dá vontade de aplaudir na cena final.