Magdalena Carmen Frieda Kahlo y Calderón, conhecida apenas como Frida Kahlo (1907-1954), certamente já inspirou uma fantasia de Carnaval sua ou de alguma amiga próxima. Muito além das flores na cabeça e da monocelha, Frida deixou um grande legado para o mundo com suas pinturas, mas em especial para as mulheres. Símbolo da força e independência do universo feminino, a artista Mexicana estava muito à frente de seu tempo e, apesar de todos os percalços (como muitos problemas de saúde e um casamento conturbado), continuava cheia de vida.
Frida também teve grande influência para a moda, especialmente porque não sucumbiu ao padrão de beleza hollywoodiano de sua época, impondo seu próprio estilo e criando um personagem único. Externamente, ela aceitou aspectos de seu corpo que fugiam muito aos padrões da época — especialmente a sobrancelha unida e o buço. Mas Frida era cheia de contradições. Adotou as longas saias no estilo tehuana, da região de Oaxaca, no Sul do México, para esconder que uma perna era mais curta que a outra (sequela da poliomielite que teve na infância). As saias eram combinadas com corseletes e até com coletes de gesso que precisava usar por causa dos problemas na coluna com os quais conviveu a vida inteira após um acidente de bonde aos 18 anos. O estilo tehuana, região onde predomina o sistema matriarcal, também pode ter sido a maneira encontrada por Frida para se impôr e se manter altiva em um relacionamento marcado pelas traições de Diego Rivera. Por outro lado, os bordados coloridos, as flores delicadas, as rendas e as tranças, que lhe conferiam um visual alegre, foram sendo cada vez mais incorporados à medida que seus problemas de saúde se agravavam e sua dor aumentava.
Aos 22 anos, em 1929, casou-se com o muralista Diego Rivera, de 43 anos, que também influenciou o estilo de Frida, que passou a adotar cores básicas em grandes extensões, num estilo naïve. Fora da questão profissional, os dois passaram por muitos altos e baixos, num relacionamento tempestuoso e cheio de reviravoltas – mas Frida era perdidamente apaixonada pelo marido. Diego e Frida, que era assumidamente bissexual, tiveram amantes ao longo do casamento. E ele aceitava que ela se relacionasse com outras mulheres, mas não com outros homens. Frida também sabia dos casos de Diego, mas resolve se separar ao descobrir que ele mantinha um relacionamento com sua irmã mais nova, Cristina. Mas nem isso impediu que eles se casassem novamente, seguindo o mesmo padrão de relacionamento turbulento. Só que, no segundo casamento, Frida resolve mandar construir uma casa igual e ao lado da de Diego, as duas interligadas por uma ponte. Com a saúde debilitada, Frida nunca conseguiu ter filhos e sofreu três abortos.
Algumas curiosidades:
*Frida Kahlo expôs seu trabalho nos Estados Unidos e na França e foi a primeira latino-americana a vender um quadro por US$ 1 milhão.
*Frida estava sempre envolvida em política. Independentemente de você concordar com o posicionamento da pintora — ela era ligada ao Partido Comunista Mexicano, onde inclusive conheceu Diego Rivera, com quem se casou duas vezes.
*Não foi apenas com a pintura que o pai influenciou o trabalho de Frida. Guillermo era fotógrafo profissional e tinha o curioso hábito de se fotografar, algo que a filha levou mais tarde para seus quadros. Ao longo de sua carreira, Frida pintou diversos autorretratos, sempre colocando na tela seus problemas, seu cotidiano, seus temores e seus amores.
*Em 1950, amputou uma perna e, em seguida, entrou em depressão. Nessa época, pintou suas últimas obras, como Natureza Morta (Viva a Vida). Frida morreu no dia 13 de julho de 1954, vítima de uma broncopneumonia, mas há suspeitas que tenha tido uma overdose se suicidado, o que ela já havia tentado fazer diversas vezes ao longo de sua vida. A última anotação em seu diário diz “Espero que minha partida seja feliz, e espero nunca mais regressar”. Seu corpo foi cremado, e suas cinzas encontram-se depositadas em uma urna em sua antiga casa, hoje Museu Frida Kahlo.
Quando Frida morreu, em 1954, Diego Rivera trancafiou os pertences da pintora em um banheiro da Casa Azul, residência que havia sido dos pais de Frida e onde o casal morava, e exigiu que só fosse aberto 15 anos após sua morte. O cômodo só foi aberto em 2004, quando a Casa Azul foi transformada em museu. Havia mais de 300 itens de Frida, que foram catalogados pelo museu. A fotógrafa japonesa Ishiuchi Miyako fez registros exclusivos das peças e agora expõe as imagens na Michael Hoppen Gallery, em Londres. A mostra pode ser conferida na capital inglesa até 12 de julho. Confira logo abaixo algumas das imagens dos peças que Frida usava: