3.
Noite Fria (2008)
Direção:
Felipe Adami
Trabalho de estreia do jovem diretor
Felipe Adami. Além disso, ele também atua no curta. Mariá (Paola Oliveira),
Andrea (Felipe Adami) e Christian (Eduardo Pelizzari) são amigos que dividem o
mesmo apartamento e vivem de prostituição. A relação de ambos é abalada quando
Andrea diz que está indo embora. Pouquíssimos diálogos dão lugar a incrível
atuação do elenco, fica evidente que muita coisa está passando na cabeça dessas
personagens. O silêncio do cenário noturno imbui a trama de mistério, nos
deixando curiosos para saber mais sobre eles. O que fica é uma grande
incógnita: algo sério acontece, mas as razões do ocorrido não são mostradas o
que deixa o espectador com um leque de possibilidades nas mãos.
2.
Ilha das Flores (1989)
Direção:
Jorge Furtado
Acho que todo mundo que gosta de Cinema
tem aquela listinha de filmes que considera obrigatórios, sabe? Aquele “Meu
Deus! Que filme maravilhoso! Não dá pra morrer sem ter visto isso!”. Pois é, o
curta-metragem brasileiríssimo Ilha das
Flores de Jorge Furtado está nessa minha lista; principalmente por
conseguir, em pouquíssimo tempo, fazer um panorama das relações sociais, ou
melhor, das consequências das relações sociais pertencentes ao sistema vigente
em nossa sociedade. De um jeito simples, direto e um tanto irônico, o filme
coloca o dedo na ferida e nos faz refletir muito. Não vou falar nada sobre o
roteiro e a forma, apenas aperte play.
1.
Depois de Tudo (2008)
Direção:
Rafael Saar
Rafael Saar nos apresenta um dia na vida
de um casal de idosos interpretados por Nildo Parente e Ney Matogrosso. Poético
e simbólico, mas muito real, o filme retrata os dois amantes, que possuem uma
relação atípica que somente entendemos na cena final, de uma forma singela e ao
mesmo tempo perspicaz apelando para a atenção de quem assiste. As tomadas falam
pelas personagens, com a câmera captando aspectos específicos, percebemos uma
relação de amor cristalizada e muito bem resolvida. Ao mesmo tempo, descobrimos,
por meio dos símbolos usados pelo diretor (uma planta, por exemplo), que a
relação não permaneceu firme por acaso, houve o cuidado, a dedicação. A
história dos dois está explícita nas marcas de suas rugas que são acariciadas
com tanto afeto e recebem atenção especial da câmera em um dado momento. Além
disso, não podemos ignorar o momento mais íntimo deles dois, que, apenas ao ser
retratado, faz desse título algo audacioso, não apenas pela ótica da
homossexualidade, mas principalmente por retratar a estigmatizada terceira
idade. É um tanto cruel achar que alguém não pode ter afeto, amor, carinho e
sexo apenas por ser idoso e não agradar visualmente uma juventude que sente-se
incomodada/constrangida por alguém que consegue ser mais do que os preconceitos
supõem. Um filme sobre o amor, sobre um amor que resistiu até o fim.
P.S.
O Youtube tem sim ótimos títulos, nacionais e internacionais, já mencionei aqui
antes, por exemplo, a filmografia do diretor soviético Serguei Eisenstein e o
único filme da Leontine Sagan, tá tudo lá. Tem muita coisa do Chaplin, da
Lilian Gish, tem A Sorridente Madame
Beudet (1922), Viagem à Lua
(1902) – e até a versão em cores dele! –, as primeiras produções de Alice no
País das Maravilhas e de Frankenstein, tem algumas coisas do Glauber Rocha e um
bocado de filme brasileiro antigo que não recebe a devida atenção (a prova
disso é o número de acessos de muitos desses filmes) como a Trilogia da Paixão
– Porto das Caixas (1962), A Casa Assassinada (1970) e O Viajante (1998) – do Paulo César Saraceni,
enfim...