About BEYONCÉ

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BEYONCÉ adentrou o mercado fonográfico, no final do ano de 2013, com um disco conceitual. Temos uma mulher sexy, mas também, concordante a situação da artista, uma esposa e uma mãe, assim como encontramos um flerte com os contrastes entre a imagem da cantora pop construída pela mídia e o feminismo.
A sonoridade da artista sempre mostrou-se peculiar ante o que ocorre no mercado atualmente, um exemplo disso é I am...Sasha Fierce (2008), aclamado principalmente por Single Ladies. Independente da imagem que se construiu do trabalho, é um disco composto basicamente por canções lentas. O mesmo ocorreu no álbum 4 (de 2011) que, a despeito de Run the World, também é um disco com faixas lentas. Beyoncé é, antes de tudo, uma excelente intérprete de R&B, essa é a essência de sua sonoridade, logo não é se admirar que BEYONCÉ possua faixas minimalistas e menos apoteóticas. O que é uma surpresa para os que apenas conhecem a gata rebolante da TV. Mas esta é a diferença entre ouvir um artista e ouvir o rádio; duas personagens diferentes são construídas.




A voz de Pretty Hurts não se refere apenas às performistas do show business, mas também a todos que, de certa forma, escravizam-se em prol da aparência. Acabamos fazendo isso vez ou outra, às vezes para agradar a nós mesmos, às vezes para agradar ao outro. A mulher independente que está atuando no mercado de trabalho e busca o controle de sua vida é evocada em HautedDrunk In Love Partition são exemplos da sensualidade e da sexualidade à flor da pele no disco. Em Jealous as dificuldades da relação a dois, do trabalho mútuo e a compreensão entre duas pessoas são postos às claras, assim como a insegurança que pode permear uma relação. Mine também faz isso, “I’m not feeling like myself since the baby.” e “ Stop making big deal about little things, cause I got big deal and I got little things.” Provavelmente a faixa que mais gosto.
Na última parte do disco temos Flawless que sampleia o discurso We All Should Be Feminists da escritora nigeriana Chimammanda Ngozi. Dentre os trechos retirados de seu discurso temos “Ensinamos as meninas a diminuírem umas as outras.”, “Tenho de tomar todas as decisões da minha vida tendo em mente que o casamento é o mais importante.” “Porque ensinamos as meninas a buscarem o casamento e não ensinamos aos garotos o mesmo?”, “Criamos as meninas para competir, não por empregos ou realizações, (...) mas pela atenção dos homens.” “Nos dizem: você tem de ser bem sucedida, mas não muito, senão os homens se sentirão desafiados.”
Em seu discurso BEYONCÉ expõe, à primeira vista, diversas mulheres, no entanto, tratando-se de um álbum conceitual, um fator comum precisa existir entre as faixas. O que temos é uma única mulher com todos os seus nuances e contrastes, a mãe, que também pode ser esposa, a mulher que pode ser provocante e não quer ser a culpada por ser vítima de desrespeito, a mulher que quer sentir-se livre para fazer o que quiser e está disposta a enfrentar as consequências injustas que encontrará pelo caminho. Em síntese, BEYONCÉ leva a interprete homônima a um novo nível artístico. Talvez seja por isso que o álbum foi tão aclamado pela crítica, já que o mercado da música pop atual carece de algo que soe verdadeiro e intimista.
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