Cap. 17 - Escolha [part.2]

By | 14:25:00 4 comments

A noite parece mais longa que todas as outras, não ha sonhos, não há vontade, não há amor. Só há uma tristeza, uma enorme solidão que consome todo o corpo arrepiado de Julio espremido no canto de sua cama contra a parede fria, assim, como está seu estômago. Uma sensação horrível, uma sensação de tudo ter mudado em sua vida patética e sem sentido.


A sinusite está atacada, uma mistura de tempo frio, e horas de lágrimas derramadas. Julio não acredita que seu avô morreu. O homem que tinha muita paciência e o dom de explicar e ensinar coisas da vida com poucas palavras. _Ah vô, como pôde me deixar agora? Como não tive tempo de ir até você enquanto podia, enquanto eu me sentia perdido com pensamentos e pesadelos sem sentido? Como não fui ao seu conforto, me apoiar em suas poucas e sábias palavras sobre a vida. Como não tive a chance de ouvir e sentir pelo menos pela ultima vez a vida difícil como algo tão simples e transparente. Assim como aquele verão, em que você me disse, que se minha vida tá boa, é por causa do meu caráter, que transparece na minha vida, e se sou tão bom como o senhor achava, era o motivo maior da minha vida está tão boa. E agora? Por que está tão ruim? Será que mudei tanto? E pra pior? Fiquei tão ruim assim que está transparecendo na minha vidinha podre? Ah vô, por que me deixou agora?


Julio nota a claridade do dia amanhecendo pela brecha quebrada da sua janela, aquela que sua mãe lhe ameaçou semana passada de um castigo caso ele não concertasse logo. Pois daquela brecha estragada por cupim, Julio nota que já é dia e não conseguira dormir nada. Seus olhos ardem, seu nariz lhe proibi de respirar normal, e sua cabeça lateja como se sua irmã estivesse batendo ali, como fazia quando era uma bebezinho chato e barulhento. As aranhas passaram a noite trabalhando em suas teias, ali em cima da cabeça de Julio, e o próprio passara a noite observando o quanto elas iam e vinha, formando o seu lar, a sua armadilha, o seu objetivo. Julio nota que seus pais acordaram. Seu pai está quieto como sempre foi, mas sente dali a sua tristeza, a sua solidão. 



Julio se encosta no portal da entrada da cozinha, observando o silêncio, a paz que sua casa estava nesta manhã. Sua irmã com metade do rosto coberto de cabelo mal penteado. Seu pai com olhos inchados. Sua mãe cansada, parecia ter passado a noite acordada, assim como ele. O cheiro de café, pela primeira vez, fez Julio enjoar, indo assim para escola sem tomar café. Em sua bicicleta, Julio passa pela rua onde seu avô foi atropelado, a mesma rua que conheceu a velha dos biscoitos, a mesma rua que passa todo dia para escola. 

O mal cheiro do banheiro masculino da escola faz Julio dar dois passos para trás na entrada do banheiro. Dois garotos saem correndo do banheiro após ter avistado algo assustador para eles. Julio continua andando rumo as cabines particulares do banheiro. Sente um cheiro diferente do que costuma senti no banheiro dos garotos de mijo, é fumaça. Alguém está fumando. Imediatamente uma lembrança do seu avô com charuto fedido nos finais de semanas, dia de almoço familiar. O velho não largava aquele charuto velho, deixava todo mundo com ataque de asma, de tanta fumaça que saía daquilo. Julio acorda com um empurrão: _Ei cara, você está ai? A voz grossa do garoto do cigarro direciona os olhos de Julio para o que ele tem as mãos. _Quer uma tragada? 

_Não obrigado! Julio ainda está com o seu avô na cabeça. Aquela lembrança horrivel dele fumando.

_Você está pessimo. Serio, isso te fará esquecer! Toma ai. O garoto estende a mão com o cigarro para Julio. 

_Esquecer? Julio pergunta curioso. O garoto confirma com a cabeça. Julio pega o cigarro, e se depara com o reflexo do espelho. Ele segurando um cigarro. Sua cabeça gira com lembranças do seu avô, dos pesadelos, de Ygo e principalmente de Caroline. _Eu quero esquecer? Pergunta para si mesmo. E sua resposta é uma tragada, enchendo seu pulmão. 

_Fudeu cara. Os caras correm para as cabines quando o diretor da escola entra no banheiro.

_Julio para minha sala. 






Continua...
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4 comentários:

  1. já assisti ao filme "Na Companhia dos Lobos " que obviamente não tem nada a ver com esse texto! mas como Lobos sempre tem a imagem de que são perigosos uma Dama pode se perder estando junto com os lobos e a companhia deles pode não ser tão"agradavél"!!!! gostei do texto! Marcos Punch

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    1. Caro amigo leitor, sua obsevação é claramente positiva sobre a presença de lobos. E a figura de uma dama pode ser... Bem, não vou contar, espere por novos capitulos. Valeu pela visita e espero que continue lendo esse romance. Boa noite.

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  2. Cara amei esse capitulo, por mais iguais esse por favor. Rômulo Santos

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