Filmes pra quem é apaixonado por uma boa conversa...

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Cinema com diálogos, ideias, questões e/ou problemas marcantes. Cinema pra assistir e passar um ou dois dias pensando em algo que um dos personagens disse ou talvez sugeriu. Cinema que faz a gente sair do filme. Enfim, tudo aquilo que você e eu, que adoramos uma boa conversa, queremos.

Quem Tem Medo de Virginia Woolf? (1966)
Título original: Who’s Afraid of Virginia Woolf?

A trama é uma adaptação da peça homônima de 1962. Com direção de Mike Nichols, o filme americano conta com Richard Burton e Elizabeth Taylor em papeis centrais. Aqui temos diálogos repletos de hostilidade, onde as palavras são armas que violam o outro. Levados por uma conversa que ocorre quase que completamente numa sala de estar, temos 2 casais extrapolando os limites de suas relações e andando por caminhos perigosos e sem volta. Os conflitos apenas crescem à medida que a trama avança até que chegamos num ponto onde nada é dito sem a certeza de atingir mortalmente seu alvo. A despeito disso, é neste ambiente de tensão que exploramos cada camada de seus protagonistas e entramos em contato com suas fragilidades.

Clube dos Cinco (1985)
Título original: The Breakfast Club
Tido como um dos melhores high school movies de todos os tempos (particularmente, eu concordo). O diretor John Hughes leva-nos a explorar clichês adolescentes. Aos poucos, seus protagonistas descontroem suas máscaras e provam ser mais do que os estereótipos supõem; provam isso para si e para seus colegas. Refletimos não só sobre questões adolescentes que nos são familiares, mas também sobre o esquecimento de tais questões. Quando adultos, parecemos deixar pra trás parte considerável de nossa empatia. A expressão “adolescente problemático” talvez seja só uma desculpa inventada por nós para justificar nossa falta de tato em relação ao que fomos, aos problemas que nos construíram em fases anteriores de nossas vidas e aos erros que cometemos tentando lidar com tudo.

Persona (1966)
Título original: Persona
Filme sueco dirigido por Ingmar Bergman. Uma conversa interior onde a dualidade humana do dito e do não dito entram em colapso. A parte de nós que escondemos, que não deixamos falar, que não deixamos viver explode nesse título incrível cheio de simbolismo em todos os aspectos. O colapso ocorre porque a parte que reprimimos não aceita mais se esconder, não quer mais ficar calada e quer viver. O que aconteceria se deixássemos cada parte de nós fluir, se pudéssemos olhar no espelho e dizer cada verdade sobre nós que conhecemos, e que ninguém além de nós conhece? Podemos até não saber por exato essa resposta, mas Bergman, com a protagonista de uma de suas obras primas, talvez tenha nos mostrado uma possibilidade.

Antes do Amanhecer (1995)
Título original: Before Sunrise

Produção americana dirigida por Richard Linklater. Antes do Amanhecer é o primeiro título de uma trilogia que é seguida por Antes do Anoitecer (2004) e Antes da Meia-Noite (2013). O enredo gira em torno de um romântico que disfarça isso sendo cínico e de uma romântica declarada. Nada de marcante ocorre no plano físico da trama, que se sustenta no diálogo dos dois. Entramos numa infinita conversa observando suas visões de mundo e opiniões sobre os mais diversos temas. As palavras aqui não são apenas para expressar pensamentos e agir sobre o outro, a cada novo tema, Jesse e Celine conhecem um ao outro e ao mesmo tempo conhecem muito de si. Olhar pra si é uma maneira de se conhecer, sem dúvida. Mas notar a existência do outro, tentar compreendê-lo faz parte desse processo e conectar-se a alguém é um presente adquirido só por aqueles que enfrentam o medo de ligar-se a tudo aquilo que está por trás da máscara que criamos todos os dias para lidar com o cotidiano.

THAT'S ALL, FOLKS!
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