VOGUE 15 estrelas da Hollywood Golden Age em 50 filmes

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A palavra Vogue, da canção de Madonna lançada em 1990 na verdade trata-se de um verbo; ‘Vogue’ ou ‘Voguing’, uma forma de dança surgida no cenário gay alternativo do Harlem, em Nova Iorque e que foi registrado no documentário Paris is Burning (1990) gravado nos anos 80. A dança possui caráter teatral combinando uma série de gestos de mãos, poses e movimentos que imitam imagens de estrelas da Era de Ouro de Hollywood, assim como modelos da capa da revista Vogue (o videoclipe retoma a estética dos filmes produzidos nos anos 20 e 30). Willi Ninja (1990), mãe da House of Ninja, diz que “Voguing é como pegar duas facas e cortar alguém, mas na forma de dança.” Isso ocorre pois no momento do ‘Voguing’, uma postura altiva e esnobe é tomada em relação ao outro.
A música trouxe para o cenário mainstream uma cultura de minorias que sofriam (e ainda sofrem) com o preconceito e buscavam aceitação em uma cena underground. Mais do que expor uma nova forma de dança ao mundo, Madonna fez uma tradução, abstraiu os elementos pertencentes aquele universo e mostrou o resultado disso na forma de um dos videoclipes mais aclamados dos anos 90.
Em Paris Is Burning (1990), temos o registro da cultura dos ‘Balls’ (bailes). Os Balls são eventos realizados pelas Houses, casas de festa regidas por um proprietário gay que recebe o nome de ‘mother’, por exemplo, mother of Xtravaganza, referindo-se a mãe (proprietária) da House of Xtravaganza. Nesses eventos, há premiações onde troféus são distribuídos em inúmeras categorias (gay viril, gay gordinha, gay executivo, melhor imitação de uma estrela, colegial, mais estilo, etc.), e certo reconhecimento nessa cena é garantido a quem participa dos Balls de forma a incluir todos os que frequentam esses eventos. Nas palavras de um dos frequentadores da House of Xtravaganza, “é como atravessar o mundo do espelho [referência à Lewis Carroll]. Você entra lá e sente-se 100% bem em ser gay. Não é assim no mundo lá fora, mas deveria ser.” (PARIS IS BURNING, 1990).
Sem conhecer o que era exatamente aquele cenário no Harlem, é impossível entender o que Madonna diz na música. Aos ouvidos leigos, é apenas mais uma música pop para dançar. No entanto, a letra é inclusiva e motivadora, fala de escapar para um lugar onde não haja dor, do desejo de se sentir importante, valorizado, daí a referência às grandes estrelas, ao cenário das Houses e seus Balls e do ‘Voguing’ como atitude de luta pela sobrevivência. Sim, sobrevivência, essa é a palavra usada por Angie Xtravaganza, mãe da House Of Xtravaganza, quando fala a respeito do assassinato de uma das filhas de sua House. Essa luta é evidente no refrão “Come on, Vogue!”. Assim, o Vogue passa a ser postura altiva e esnobe em relação a hostilidade que o mundo representa para as minorias. E este é exatamente o sentimento que permeia o discurso de todos os gays entrevistados em Paris Is Burning (1990) quando referem-se aos Balls.
O curioso é que a palavra ‘Vogue’ em muitas traduções encontradas na internet é tida como ‘fama’ ou mesmo ‘moda’ (a palavra ‘moda’ com certeza dá-se por conta do visual do videoclipe). É provável que isso ocorra por falta de conhecimento acerca do contexto da canção. Na verdade, o Vogue de Madonna trata-se de um convite à prática do Vogue, não é para ser traduzido.
Das poses imitadas por muitos dançarinos, há certo destaque para as estrelas da Era de Ouro de Hollywood, esse período normalmente é o recorte entre o Cinema Mudo holywoodiano até o início dos anos 60. Na letra, Madonna clama exatos 16 nomes de personalidades que viveram o período Clássico, dentre eles o único que não é ator, e sim atleta, é Joe DiMaggio. Além de uma visão acerca do que essa música representou para a cultura e a comunidade gay, Vogue também dá um ótimo roteiro fílmico!
Se você não se interessa por Cinema Clássico, pode parar de ler esse post aqui mesmo, mas se o seu caso é o contrário, seja bem-vindo! As estrelas nomeadas na letra de Vogue podem ser seu ABC da Hollywood do período clássico. Os nomes, na ordem que segue a música, são Greta Garbo, Marilyn Monroe, Marlene Dietrich, Joe DiMaggio, Marlon Brando, James Dean, Grace Kelly, Jean Harlow, Gene Kelly, Fred Astaire, Ginger Rogers, Rita Hayworth, Lauren Bacall, Katharine Hepburn, Lana Turner e Betty Davis. Vou apresentar a vocês alguns dos trabalhos que conheço dessas estrelas (como de costume, os títulos oficiais em português de boa parte dos filmes é horrível, assim como ocorre nos dias de hoje. Enfim...).

Greta Garbo and Monroe, Dietrich and DiMaggio…
A sueca Greta Garbo é estrela dos anos 20 e 30. Seu primeiro filme em Hollywood é Os Proscritos (1926); o enredo gira em torno de uma história de amor que na verdade não ocorre. A jovem Leonora (Garbo), de família pobre e dona de uma bela voz, ama o aristocrata Don Rafael. Seu amor é recíproco, mas isso não é o bastante. A trilha sonora é muito linda. Mulher de Brios (1928) apresenta-nos a jovem Diana que, depois de lidar com uma desilusão amorosa, tem de lidar com um suicídio repentino e toda a atmosfera de culpa e hostilidade causada pelo ocorrido. Em O Beijo (1929), após a morte de seu marido, Irene (Garbo) é julgada sob acusação de assassinato, porém um certo mistério circunda o caso. Para uns, trata-se de assassinato, para outros, acidente ou até mesmo suicídio, porém Irene guarda a sete chaves o que realmente aconteceu. Este é o último trabalho de Greta Garbo no Cinema Mudo. A atriz também viveu a personagem Anna Karenina (1935), uma adaptação da personagem de León Tolstói. A experiência de ouvir pela primeira vez a voz de um ator que você só conhece pelo Cinema Mudo é inexplicável, vivi isso com a Greta Garbo em Anna Karenina. Grand Hotel (1932) apresenta uma série de eventos que ocorre em um hotel de luxo, Garbo interpreta a famosa estrela Grusinskaya, uma das hóspedes.

Marilyn Monroe é, muito provavelmente, o nome mais famoso dessa lista, quem não a conhece de nome, já a viu em fotos e a referência à cena do vestido esvoaçante então nem se fala... o que mais lamento é que muita gente a conhece, mas poucos conhecem seus filmes. A senhora DiMaggio (Marilyn foi casada com o atleta Joe DiMaggio) atuou em filmes dos anos 40, 50 e pouquíssimos nos anos 60. Em Os Homens Preferem as Loiras (1953), a artista faz dupla com Jane Russel e interpreta o que hoje conhecemos como o estereótipo da “loira burra”. Neste filme Monroe performa ‘Diamonds Are A Girl’s Best Friend’, utilizado por Madonna no vídeo de Material Girl nos anos 80. Posteriormente, no ano de 1955, temos a cena do vestido que rendeu, nos bastidores, a icônica fotografia de Marilyn; trata-se do hilário O Pecado Mora Ao Lado. Além desses dois clássicos, queria ressaltar um terceiro, a comédia Quanto Mais Quente Melhor (1959) em que Tony Curtis e Jack Lemmon dão vida a dois músicos que, acidentalmente, são testemunhas de um tiroteio e encontram-se forçados a fugir para Miami disfarçados de mulher com uma banda de Jazz feminina. No trem, eles conhecem a vocalista da banda, Sugar Kane (Monroe). O “biquinho” que Curtis faz sempre que termina uma fala da Josephine é hilário!

Marlene Dietrich é alemã, da mesma época de Garbo, mas teve uma carreira bem mais longa no cinema. O primeiro trabalho seu que conheci (e que também é sua estreia fora do Cinema Mudo) foi O Anjo Azul (1930), ainda no cinema alemão. Este é de longe o filme de Marlene Dietrich que mais gosto. O enredo é sobre um professor que se envolve com Lola-Lola (Dietrich), artista principal do Anjo Azul, cabaret local. Lola-Lola é uma referência evidente em Lola (1981) da trilogia BRD do diretor alemão Fassbinder. Outro clássico de Dietrich (este, já no cinema americano) é O Expresso de Xangai (1932), onde estrangeiros cruzam a China de trem durante a Guerra Civil. Shanghai Lily (Dietrich) e o capitão Donald Harvey, conhecidos de longa data, estão presentes no trem e acabam revivendo seu passado. Uma das imagens mais clássicas da atriz é deste filme: sua foto segurando um cigarro e com o rosto entre suas mãos. Com ambientações e estética de tirar o fôlego, A Imperatriz Vermelha (1934) traz Dietrich no papel da princesa alemã Sofia que se torna a rainha russa Catharina II. Os três filmes têm a direção de Josef von Sternberg. Em Aconteceu em Monte Carlo (1957), bem gostoso de assistir, Dietrich interpreta uma marquesa falida que tenta dar o golpe do baú para se salvar, no entanto há algo sobre sua vítima que ela não sabe (e deveria...).

…Marlon Brando, Jimmy Dean, on the cover of a magazine...
Gosto de olhar esses dois atores como ying e yang, totalmente opostos, mas, para mim, igualmente fascinantes. Marlon Brando teve uma longa carreira: atuou dos anos 50 até o ano de 2001! Dentre seus filmes mais queridos por mim posso citar O Selvagem (1953) onde Brando interpreta um de seus personagens mais icônicos, Johnny, líder de uma gangue de motocicletas. Em Sindicato de Ladrões (1954), um ex-boxeador é usado, sem ter consciência disso, para provocar a morte de um trabalhador do cais. Nos anos 60 Marlon Brando estrela O Pecado de Todos Nós (1967) ao lado de nada mais nada menos que Elizabeth Taylor! (Foi com ela que comecei a me interessar por cinema clássico). Esse filme une, em um mesmo roteiro: adultério, crise de sexualidade, voyeurismo, assassinato, um cavalo desgovernado, enfim... Algo interessante é que a fotografia é toda feita sob um filtro em tons dourados. Ah, já ouviram falar em O Poderoso Chefão? Trata-se de uma trilogia (1972, 1974 e o último filme é de 1990), Marlon Brando é o Vito Corleone no primeiro.

Em contrapartida, James Dean (Jimmy é apelido, favor não confundir com o músico Jimmy Dean) teve uma carreira bem curta, limitada a apenas cinco filmes, por conta de sua morte prematura (aos 24 anos de idade) em um acidente automobilístico. Tal fato foi, obviamente, muito bem utilizado pela mídia na criação de uma lenda. Talvez essa seja a magia que circunda a carreira de Dean. Ícone dos anos 50, foi representação do que conhecemos por rebelde sem causa, blah, blah, blah, o que todo mundo diz, não tô aqui pra ser Wikipedia. Vamos falar dos filmes dele que gosto muito. Juventude Transviada (1955) conta a história de um jovem problemático que se envolve em um acidente que causa uma morte. Em Vidas Amargas (1955) um jovem tenta retomar contato com sua mãe e tratar de questões mal resolvidas com o pai; um personagem com o mesmo tipo psicológico é representado por ele em ambos os filmes. No ano seguinte temos Assim Caminha a Humanidade (1956), onde o ator também divide a tela com Elizabeth Taylor (<3). O enredo gira em torno da vida de um casal, desde o momento em que se conhecem, até a idade avançada, quando já são avós; o par romântico de Elizabeth Taylor é Rock Hudson. James Dean vive um antagonista. O filme também traz questões interessantes. Os três títulos tratam-se de produções póstumas.

Grace Kelly, Harlow, Jean, Picture of a beauty queen...
A Princesa Grace de Mônaco atuou na década de 50 em exatos onze filmes. Particularmente, considero Grace Kelly uma excelente atriz, não sei se é porque ela é realmente talentosa ou porque tenho uma grande afeição por ela, bem isso não importa muito. Em Matar ou Morrer (1952), Kelly faz o seu primeiro papel principal no cinema. O filme é sobre um xerife que busca se livrar de uma gangue que ataca sua cidade, o ambiente é de faroeste. The Country Girl (1954) é meu filme favorito com a atriz. Nele, ela interpreta a esposa de um ator em decadência que tenta retomar seu posto. Ladrão de Casacas (1955) é dirigido por Hicthcock e é um típico filme de mistério, gênero dominado com maestria pelo diretor. John Robie (Cary Grant) é um famoso ladrão, já afastado do “ofício”, por assim dizer, denominado The Cat. A trama se desenvolve quando um outro ladrão começa a copiar seu estilo e Robie começa a investigar para desmascarar o impostor, para tanto, ele se aproxima de Frances (Grace Kelly) e sua mãe, possíveis vítimas do gatuno impostor.

Nos anos 30, Jean Harlow era a loiraça símbolo sexual (antes mesmo da ascensão de uma sexy Marilyn Monroe...). Conheço alguns de seus papeis cômicos em filmes muito bons, citarei dois deles. O primeiro é Terra de Paixões (1932), boa parte das risadas devem-se a Harlow no pepel da ousada Vantine. Longe da cidade, em uma plantação de seringueiras, Dennis (Clark Gable) conhece Vantine que se instala no alojamento com todos os trabalhadores. A tensão entre as personagens começa quando Dennis se envolve com quem não devia. Em Jantar às Oito (1933), Millicent (Billie Burke), esposa de um homem de negócios, está muito preocupada com os preparativos de um jantar de luxo. Longe de suas preocupações fúteis, todos os convidados estão lidando com problemas bem sérios, adultério, alcoolismo, dinheiro, etc. Kitty (Harlow) vê nesse jantar uma oportunidade de ser aceita pela ‘High Society’. Uma comédia cheia de humor negro e repleta de atuações hilárias feitas pelas várias estrelas com as quais a estrela divide os holofotes (Marie Dressler, por exemplo). A cena mais legal de Harlow que vi até o momento está no final do drama Tentação dos Outros (1935). Nele, ela interpreta Mona, uma estrela da Broadway que tem conflitos de sua vida privada transformados em manchetes passando então a ser hostilizada pelo público.

Gene Kelly, Fred Astaire, Ginger Rogers, dance on air…
Os três são estrelas supremas dos musicais. O filme mais popular de Gene Kelly é, sem sombra de dúvida, o musical-comédia Cantando na Chuva (1952). Lembra daquele refrão? “I’m siiinging in the rain. Just siiinging in the rain”, então... Ele também participou da direção do filme junto à Stanley Donen. A história é ambientada na transição do cinema mudo para o falado. Don Lockwood (Kelly) é um ator popular do cinema mudo que divide o estrelato com a arrogante, superficial e de talento duvidoso Lina Lamont. Ele conhece a jovem Kathy e, com a ajuda do amigo Cosmo, trabalham juntos para salvar o péssimo filme The Dueling Cavalier. Ainda na década de 40, Gene Kelly juntou-se a Frank Sinatra (já ouviu esse nome, né?) em Marujos do Amor (1945), também estrelado por Kathryn Grayson. Joseph (Kelly) e Clarence (Sinatra), marinheiros, são amigos bem diferentes, o primeiro é boa pinta e faz sucesso com as mulheres, o segundo é extremamente tímido e precisa da ajuda do amigo para conquistar a bela Susan (Grayson), só que nem tudo termina como o planejado. Embora Gene Kelly tenha uma lista imensa de outros trabalhos, só conheço 3 de seus filmes (o terceiro aparece mais a frente nesta lista) e, sinceramente, não vou indicar algo que eu não tenha assistido.

Fred Astaire fez dupla com Ginger Rogers em uma série de musicais. Dentre eles posso citar Roberta (1935) onde John, em uma visita a sua tia na cidade de Paris, está acompanhado de seu amigo Huck (Astaire) e sua banda. Huck encontra seu amor do passado Lizzie (Rogers), que está no recinto fingindo ser uma condessa polonesa (Rogers forçando o sotaque é lindo!). O Picolino (1935) é o musical mais consagrado da dupla e provavelmente meu favorito. Longe da companhia de Rogers, temos Fred Astaire em Núpcias Reais (1951) com Jane Powell, onde interpretam dois irmãos que fazem sucesso na Broadway com o show Every Night at Seven. Eles são convidados a levar seu show para Londres, no casamento real. Há cenas muito legais: Astaire e Powell se apresentando para o público do cruzeiro em direção à Londres é uma delas. A performance de Astaire sozinho no quarto, em que ele sai dançando pelas paredes e pelo teto também é muito legal.

Não conheço a filmografia completa de Ginger Rogers (são muitos filmes!), mas todos os filmes dela que já vi me agradaram muito. Dentre eles está o suspense Décimo Terceiro Convidado (1932) onde a polícia tenta descobrir o responsável por uma série de assassinatos. A ordem dos assassinatos corresponde a ordem em que as vítimas estavam sentadas em um jantar que ocorreu anos antes onde encontravam-se presentes exatos 13 convidados. Neste trabalho, Rogers faz dupla com o ator Lyle Talbot (Rogers & Talbot, melhor dupla <3). A dupla se repete na comédia de terror Um Grito na Noite (1933), do mesmo diretor, Albert Ray (ele também amou essa dupla ao que tudo indica <3). I’ll Be Seeing You (1944) traz Rogers no papel de Mary Marshall que começa a se relacionar com o soldado Zac. A moça é uma ex-prisioneira e este fato a preocupa, pois ela teme que isso gere barreiras em sua relação (estamos falando dos anos 40, sabe...). Em Travessuras de Casados (1952) um juiz realiza seis casamentos sem saber que ainda não está apto para o ofício. Anos depois o problema é descoberto e o juiz, por meio de correspondência, vai informando aos envolvidos que eles não estão legalmente casados. Enquanto a notícia mostra-se um problema para alguns, para outros é uma solução. Ah, Marilyn Monroe também faz parte do elenco.

…They had style, they had grace,
                             Rita Hayworth gave good face…
Nos anos 40, Rita Hayworth polemizou protagonizando uma cena que sugere um strip tease no filme Gilda (1946). Na Argentina, Johnny, um trapaceiro de cassinos, torna-se aliado de um milionário do ramo de cassinos. O negócio é proibido no país da época. Após uma viagem, o milionário retorna casado com Gilda (Hayworth), que, coincidentemente, tem um passado com Johnny e ambos tentam disfarçar o fato. Rita Hayworth no papel de Gilda hipnotiza, é extremamente sexy e, com toda certeza, ganha o prêmio de entrada mais triunfal dessa lista de filmes! A atriz, assim como Rogers, trabalhou ao lado de Fred Astaire em filmes musicais. Em Bonita Como Nunca (1942), que se passa em Buenos Aires, temos a incrédula Maria (Hayworth) que não almeja casamento e tão pouco se apaixonar. Seu pai, com o objetivo de amolecer seu coração, começa a escrever-lhe cartas de um suposto admirador secreto. O problema é que Bob (Astaire), um dançarino americano em busca de emprego, acaba, acidentalmente, se envolvendo na tramoia. Ao lado de Gene Kelly, Hayworth estrelou o musical Modelos (1944) em que Rusty (Hayworth), dançarina de uma casa de shows do Brooklin, tem a chance de abraçar o estrelato, no entanto, o sucesso torna-se um problema para sua relação com Danny (Kelly).

Lauren, Katharine, Lana too…
Os primeiros trabalhos de Lauren Bacall foram ao lado de Humphrey Bogart, com quem se casou e dividiu cena, como por exemplo no filme policial Á Beira do Abismo (1946). Um detetive é contratado por um milionário que alega estar sendo chantageado, ele quer livrar-se do chantagista. A partir disso, muitas mortes passam a acontecer. A atriz é famosa principalmente por seus papeis em filmes desse tipo, para quem gosta de filmes clássicos com detetives, investigação e revólveres, Lauren é uma boa pedida. Nos anos 50, ela dividiu os holofotes com Marilyn Monroe na comédia superficial e divertida Como Agarrar Um Milionário (1953). Três amigas mudam para um apartamento de luxo, segundo elas, local perfeito para fisgar milionários. Palavras ao Vento (1956) é meu filme favorito com a atriz. Baseado no livro Written on the Wind (ROBERT WILDER, 1945), que por sua vez teve seus acontecimentos embasados por um escândalo real (trocaram nomes e lugares etc.). O roteiro conta o caso dos amigos de infância Mitch (Rock Hudson) e Kyle (Robert Stack) que encontram-se apaixonados por Lucy (Bacall). A relação entre ambos vai tomando um rumo perigoso.


Boêmio Encantador (1938) tem Katharine Hepburn como estrela principal ao lado de Cary Grant. Johnny (Grant) fica noivo de Júlia, mas sua forma de viver (sem emprego fixo e sem se preocupar muito com a vida) não é bem vista pela rica família da moça. A única que respeita seu jeito de ser é Linda (Hepburn), irmã de Júlia, tida como a ovelha negra da família. Em Levada da Breca (1938), novamente ao lado de Cary Grant, a atriz vive a extrovertida e inconsequente Susan que envolve o paleontólogo David (Grant) em uma caçada a uma onça que veio do Brasil de encomenda para sua tia. Susan ama David, mas todas as suas tentativas de aproximação geram problemas. Hepburn está incrivelmente divertida nesse papel. Vivendo uma personagem totalmente diversa à Susan, em A Mulher do Dia (1942), Hepturn torna-se Tess Harding, colunista política de um famoso jornal. O roteiro é muito interessante, ao menos para a época, já que retrata o casamento de uma mulher independente e que não possui o perfil do que popularmente chamamos de “Amélia”. Entretanto, em um anacronismo automático, acabamos por sentir que a mensagem que fica no filme é um tanto machista, só assistindo para entender.

Conheci Lana Turner em um filme de 1959, a saber, Imitação da Vida que conta a história de Lora Meredith, atriz de sucesso, muito dedicada ao seu trabalho. No entanto, sua dedicação profissional acaba afastando-a de sua filha. O roteiro também faz uma discussão sobre o racismo. Em uma personagem totalmente diversa, temos Turner em O Destino Bate à Sua Porta (1946) onde a jovem e casada Cora (Turner), ao lado de Frank, planeja o assassinato do marido. Meu filme favorito de Lana, com toda certeza, é Assim Estava Escrito (1952), o roteiro é muito legal. A estrela principal é Kirk Douglas no papel de Jonathan Shields, produtor de cinema. Falido e tentando abraçar a única chance de se reerguer, Jonathan pede ajuda ao diretor Fred (Barry Sullivan), a atriz Giorgia (Lana Turner) e ao escritor James (Dick Powell) para trabalharem juntos em seu próximo filme. A partir de flashbacks, passamos a entender a história que cada uma das personagens teve com Jonathan. As lembranças são decisivas para nosso julgamento: ele merece ou não ser ajudado?

Bette Davis, WE LOVE YOU...
Antes de falar a respeito, apenas queria deixar claro que Bette Davis é simplesmente a personalidade mais FODA dessa lista. Prosseguindo... Escravos do Desejo (1934) é tido como o trabalho que levou Davis ao estrelato. E não é para menos, na pele da jovem Mildred, a atriz dá um show de interpretação, indo do cômico ao dramático, dos momentos de acidez ao total descontrole. Philip (Leslie Howard) se apaixona por Mildred que o trata com certo desprezo. A relação dos dois vai ficando mais tensa a medida que a história avança. Howard e Davis novamente atuam juntos na comédia It’s Love I’m After (1937), no papel do casal de atores Basil e Joyce. O filme nos apresenta seu relacionamento conturbado e cômico. Em Estranha Passageira (1942), Davis interpreta Charlotte que precisa lidar com sua desmedida insegurança causada pela pressão da relação conflituosa que possui com a mãe. Após conhecer o Dr. Jaquith, Charlotte inicia seu tratamento e passa a aprender a lidar com a percepção de si mesma e dos outros. Em A Malvada (1950), Davis vive a estrela da Broadway Margo Channing. Ela conhece Eve, que adentra sua vida buscando manipular a todos e tomar o lugar de Margo. No elenco Marilyn Monroe faz um pequeno papel.
O post pode até ser extenso, porém o Cinema Clássico é muito mais que isso, há outras estrelas incríveis, atores, atrizes, diretores não mencionados, e não falo apenas de Hollywood, e sim de muitos outros trabalhos que revolucionaram não só a indústria do cinema, mas também a forma de se fazer e entender cinema. Bem, mas isso já é assunto para textos futuros.

P.S. Já ouviram falar nos 1001 filmes para se ver antes de morrer? Alguns dos que foram citados nesse post estão na lista.
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