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“Senti um tremor, um calor, um frio na barriga. E logo uma tristeza me bateu, ao perceber que ali, naquele vazio, existi sim, um coração. E sim, poderia até está coberto de teias de aranhas com fúnebres fantasmas da solidão, mas simplesmente aquele nome que eu escutei sair da boca de Marcelina deu o maldito tom vermelho na rocha que eu achava ficar no lugar do meu coração. Que ódio, que ódio, a aparição daquele garoto que eu nunca vira, me fez sentir estranhamente feliz... Pois é querido diário, vamos por parte.”

Hoje acordei péssima, como o costume, mas parecia está pior, pois é a grande merda do baile. Meu vestido de patinhas de animal já está pronto, minha bota já está suja e minha jaqueta de couro já está com novos rebites. Kakhuto me acordou com um SMS: “Meus pêsames querida Emo Xita, hoje é o grande e maravilhoso monte de merda, o tão esperado baile a procura da rainha do colégio. Boa Sorte!” Se você acha que eu não poderia ficar pior do que já estou, está redondamente enganado seu diário, pois sim, fiquei roxa de ódio e tremendo igual ao celular do meu pai que não tem toque.

Sempre é mais fácil abrir os olhos do que levantar pra viver mais um dia. Fiquei ali, querendo afundar na minha cama, mas minha mãe fez a droga do favor de preparar um café da manhã impecável. Esqueci de comentar, mas nada é menos pior do que a comida da minha mãe. Levantei, não banhei, não penteei meu cabelo, e não passei lápis preto nos meus olhos, pois dormi sem lavar o rosto ontem à noite. Vesti a roupa de sempre e desci pra tomar o meu café da manhã. Mamãe passou esse período todo me olhando e comentando “Como seria agradável, minha linda filha ser a rainha do colégio! Que fofo! Que lindo!”
Que merda!

Tinha me esquecido que os pais vão está nesse momento trágico da vida de um ser inteligente. Enfim, prometo pra mim mesma não xingar, gritar ou espancar alguém nessa noite. Puts eu lembrei que vou encontrar o traste do Joaquim lá! E a porquinha de neon da Carlitinha com sua seguidora Marcelina. Hmm... Talvez eu não xingue, ou não grito... Mas espancar, eu posso e vou fazer! Porque assim, eu me sinto tão menos pior!
Nem sei o que fiz o dia todo, só sei que logo me encontrei vestindo o meu vestido fresco. Logo estava descendo a escada, e olhando a mudança de cara que minha mãe fez. Isso me faz bem. Morro de ri por dentro. Uma cara feliz e curiosa pra vê a filha única descendo as escadas com um lindo vestido de boneca mudando ao vê que sua única filha mulher desceu parecendo uma motoqueira. Botas, jaqueta e cabelo bem bagunçado. Lembro de quando entrei no carro, mamãe conversava com a tia chata e ela dizia Mermã, ela está parecendo uma Amy Winehouse mirim! com uma voz de desgosto. E eu? Só nada!

Cheguei ao ginásio, e Affs como estava fresco. Cheio de coisas frescas. Pessoas chatas com seus pais chatos. E o mais divertido, minha mãe com uma cara inesquecível quando todos os seus colegas a olhava acompanhando a garotinha aqui.  Ela ficou numa mesa com os adultos, e eu numa mesa sozinha esperando Pookie e seu misterioso par. Minutos depois decidi andar, quando tive a pior decepção dos tempos, Pookie está sendo acompanhada da mala sem alça do Felix. Como ela poderia fazer isso comigo, com ela, com a gente? Ele é um playzinho filhinho de papai que mora com a vovó. Ele sempre nos perturbou, e por algum motivo, ela estava com ele. Não perdi tempo, arrastei-a pro banheiro. Perguntei: “Que puta falta de sacanagem era aquela?” Ela me respondeu com mais melancolia do que o costume, “Ele me convidou! Disse que se não viesse ao baile comigo, ele não iria vim com ninguém!”, mas todos sabem que Felix é o cachorrinho vira-lata de Carlitinha. Isso soou muito estranho, mas Pookie estava muito cega pra perceber alguma maldade. Na verdade, ela nunca vê maldade nos outros. Percebi também que ela parecia uma daquelas bonequinhas de porcelana, aquele cabelo grande loiro claro com mexas rosa combinando com seu vestido cheio de tule e usando meias “listradas preto com branco”. Deixei-a ir, mas fiquei ali sempre observando. Pedir a garota de vista quando o merda do Joaquim apareceu me chamando pra dançar, minha mãe veio com uma maquina fotográfica. Fiquei puta, e a cara que sair na foto deixou clara a raiva que senti, mas a cara que ele saiu na foto, deixou clara a dor que sentiu quando pisei no pé dele.

Rolava uma votação idiota no baile, a rainha tinha que ser a mais bela e o rei o mais fresco. Enfim, perdi Pookie e Felix de vista mesmo, não os vi em lugar nenhum. Encontrei a Carlitinha com um vestido enorme, parecia que ia casar. “Cadê o KEN, Barbie gorda?” Perguntei quando ela veio a minha direção. “Está procurando o CHUNK Hilley? Nem é tão difícil encontrar aquela cabeleira laranja com uma faca na mão por ai.” Diz ela vermelha de ódio por eu ter chamado de gorda. A voz de Marcelina fez o meu pensamento todo evaporar. Poxa, logo na parte que arrancava os olhos dela. Enfim, parecia que ia da o resultado. Carlitinha se enfeava mais, eu cruzei os braços. Ela fez um longo discurso chato. Todos estavam ansiosos. Eu cansei daquela merda, e decidi ir atrás de Pookie, quando ouvi A rainha do baile é... É... É? Hilley? Ai meu Deus, a rainha do baile é a Hilley! ouvi muitos gritos, mas o mais agudo foi de Carlitinha que subiu ao palco olhando o resultado. Colocaram uma merda de luz em cima de mim, deixando-me cega. Ouvi outro nome, “BUMO”, foi quando virei, e vi aquele garoto. Não vou escrever tudo aquilo do inicio de novo, mas foi bem aquilo. O garoto de cabelo grande e bagunçado, preto com uma mexa loira, roupa legal, ai meu Deus, ele era muito FOFO! Engraçadinho. Depois disso, não me lembro de mais nada, só de está aqui no meu quarto escrevendo igual uma louca e falando o meu dia pra um caderno idiota. Esqueci, cansei de você também, e sei que Diário é pra idiotas, mas eu tenho um também, enfim... 

Odeio contradições!

Odeio Você!

Odeio aquele carinha...

Bumo?

Hmm...

Interessante!






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